por: João Paulo Matias,OCDS,membro Comissão Jovem,Fortaleza/CE
Para
iniciarmos gostaríamos de trazer o significado do termo estrela da manhã. A
estrela da manhã é aquela que brilha primeiro no céu do amanhecer prenunciando
a chegada do astro maior, a estrela de quinta grandeza que nos ilumina e traz
vida à Terra: o Sol. A estrela da manhã é o sinal de que o dia está para chegar
e que a luz dissipará a escuridão da noite. Ela não é o Sol, mas brilha trazendo
consigo a luz que recebeu dele e a esperança de que um novo dia logo se
iniciará.
Em meio às trevas da madrugada notam-se, de repente, alguns
pontos do céu esbranquiçados, e se tem a impressão de que é o começo do
alvorecer. De fato não o é: o firmamento se cobre novamente de negro, e só aos
poucos vai se tornando pálido. É nesse momento que brilha, com todo o seu
fulgor, a estrela da manhã ou, como muitos a chamam: estrela d’alva. É ela o
anúncio da aurora, o sinal de que o sol está por vir. As estrelas
evocam algo de sublime. Elas parecem transpor o mundo concreto e visível,
servindo de hífen entre a esfera material e a sobrenatural. São astros, em sua
grande maioria, iluminados, ou seja, não possuem luz própria, mas irradiam uma
luz de uma estrela maior: o Sol.
“Nossa Senhora — comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
— é chamada, muito a propósito, de Estrela luminosíssima. Incontáveis astros
reluzem no firmamento, porém Ela é o mais resplandecente de todos: ou seja,
Maria é a mais luminosa das criaturas.
“Vários astros tiram toda a sua luz do sol. Maria
testemunha que Ela também tirou sua luz do Sol de Justiça, Jesus Cristo.
«Aquele que é poderoso, diz ela, fez em Mim grandes coisas, e seu nome é
santo». Ela reflete tão perfeitamente a luz divina, que a Igreja não hesita em
Lhe aplicar várias passagens da Sagrada Escritura que concernem, em primeiro
lugar, à Sabedoria incriada. [...] Ela representa. «O sol é Jesus Cristo, e
Maria é a estrela», diz Hugo de São Vitor. [...]
“Uma estrela deita sua luz com grande fulgor, sem lesão de
sua substância. A Bem-aventurada Virgem Maria, do mesmo modo, sem prejuízo de
sua virgindade, projetou de suas castas entranhas o Cristo, a Luz do mundo.
[...]
Sem a luz do sol, da lua e das estrelas, o universo cairia
numa espécie de caos. A Bem-aventurada Virgem Maria influi igualmente sobre o
mundo obscurecido pelas trevas do pecado: Ela o ilumina, protege-o e o conserva
sob seu domínio
Indo em pós desse simbolismo, reportemo-nos à noite de um
navegante em alto mar. As horas passam e, ao mesmo tempo, o ponteiro do relógio
parece não se mover. O cântico das ondas, poético durante o dia, transforma-se
em um ruído atemorizador. O céu reveste-se de um negro manto que envolve o
navio em incertezas. Nessas circunstâncias, nada pode mais alentar ao
marinheiro do que a Estrela da Manhã, o astro pregoeiro da aurora, sinal do dia
que está por chegar, dissipando as trevas traiçoeiras.
Sempre disposta a socorrer os náufragos durante a noite
porque é durante a noite que cintilam as estrelas, e esta vida é para o
católico uma noite, um vale de lágrimas, uma época de provação, de perigo e de
apreensões. Na eternidade teremos o dia, porém na vida terrena temos o escuro
da madrugada. E nesta noite existe uma estrela que nos guia, que é a consolação
de quem caminha nas trevas, olhando para o céu: Maria Santíssima, a mais
fulgurante de todas as estrelas!”
As cidades modernas, iluminadas por todo tipo de lâmpadas,
não mais permitem contemplar um espetáculo natural de inteira simplicidade, e,
no entanto, cheio de grandeza: o céu estrelado. Hoje, muitas luzes artificiais
tentam ofuscar a luz dos astros do céu. Assim é oportuno fazermos a seguinte
pergunta a nós mesmos: Quais as luzes artificiais me impedem de contemplar verdadeiramente
a luz irradiada por Maria e que vem naturalmente de Deus?
Poderíamos citar muitas:
Obediência Perfeita: Maria disse seu “sim” a Deus e ao
projecto da salvação, livremente, por obediência a vontade suprema de Deus. Um
“sim” amoroso, numa obediência perfeita, sem negar nada, sem reservas, sem
impor condições. Durante toda a vida Nossa Mãezinha foi sempre fiel ao amor de
Deus e em tudo o obedeceu. Ela também respeitava e obedecia as autoridades,
pois sabia que toda a autoridade vem de Deus.
O Catecismo da Igreja Católica indica que a obediência é a
livre submissão à palavra escutada, cuja verdade está garantida por Deus, que é
a Verdade em si mesma. Esforcemo-nos para obedecer a requisitos ou a
proibições. A subordinação da vontade a uma autoridade, o acatamento de uma
instrução, o cumprimento de um pedido ou a abstenção de algo que é proibido,
nos faz crescer.
Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em
mim segundo a tua palavra.” (Luc 1, 38).
- A impaciência e egoísmo que não nos deixa confiarmos e
nos abandonarmos nas mãos de Deus.
Paciência Heróica: Nossa Senhora passou por muitos momentos
estressantes de provação, de incomodo e de dor, durante toda sua vida, mas
suportou tudo com paciência. Sua tolerância era admirável! Nunca se revoltou
contra os acontecimentos, nem mesmo quando viu o próprio filho na Cruz! Sabia
que tudo era vontade de Deus e meditava tudo isso em seu coração. Maria, nossa
mãe, teve sempre paciência, sabendo aguardar em paz aquilo, que ainda não se
tinha obtido, acreditando que iria conseguir, pela espera em Deus. Saber
suportar, como Maria, os desabores e contrariedades do dia a dia, saber
suportar com paciências nossas próprias cruzes. Devemos saber ouvir as pessoas
com calma e atenção, sem pressa, exercitando assim a virtude da caridade.
Devemos nos propor, firmemente não nos queixarmos da saúde,
do calor ou do frio, do abafamento no autocarro lotado, do tempo que levamos
sem comer nada... Temos que renunciar, frases típicas, que são ditas pelos
impacientes: “Você sempre faz isso!”, “De novo, mulher, já é a terceira vez que
você...!”, “Outra vez!”, “Já estou cansado”, “Estou farto disso!”.
Mãe do Supremo Amor: Nossa Mãe cheia de graça ama toda a
humanidade com a totalidade do seu coração. Cheia de amor, puro e incondicional
de mãe, nos ama com todo o seu coração imaculado, com toda energia de sua alma.
Nada recusa, nada reclama, em tudo é a humilde serva do Pai. Viveu o amor a
Deus, cumprindo perfeitamente o primeiro mandamento. Fez sempre a Vontade
Divina e por amor a Deus aceitou também amar incondicionalmente os filhos que
recebeu na cruz. Era cheia da virtude da caridade, amou sempre seu próximo,
como quando visitou Isabel, sua prima, para a ajudar, ou nas bodas de Caná,
preocupada porque não tinham mais vinho.
- A fofoca e “tagarelice” que caminha no oposto do silêncio
e oração.
Contínua Oração: Nossa Senhora era silenciosa, estava
sempre num espírito perfeito de oração. Tinha a vida mergulhada em Deus, tudo
fazia em Sua presença. Mulher de oração e contemplação, sempre centrada em
Deus. Buscava a solidão e o retiro pois é na solidão que Deus fala aos
corações. "Eu a levarei à solidão e falarei a seu coração (Os 2, 14)"
Em sua vida a oração era contínua e perseverante, meditando a Palavra de Deus
em seu coração, louvando a Deus no Magnificat, pedindo em Caná, oferecendo as
dores tremendas que sentiu na crucificação de Jesus, etc.
Não se limitar somente as orações ao levar, ao se deitar e
nas refeições, estender a oração para a vida, no trabalho, nos caminhos, em
fim, em todas as situações, buscando a vontade de Deus em sua vidas.
Fé Viva: “bem-aventurada
você que acreditou” dirá Isabel ( Lc 1,45).
Feliz porque acreditou, aderiu com seu “sim” incondicional
aos planos de Deus, sem ver, sem entender, sem perceber. Nossa Senhora gerou
para o mundo a salvação porque acreditou nas palavras do anjo, sua fé salvou
Adão e toda a sua descendéncia. Por causa desta fé, proclamou-a Isabel
bem-aventurada: “E bem-aventurada tu, que creste, porque se cumprirão as coisas
que da parte do Senhor te foram ditas” (Lc 1,45). A inabalável fé de Nossa
Senhora sofreu imensas provas: - A prova do invisível: Viu Jesus no estábulo de
Belém e acreditou que era o Filho de Deus; - A prova do incompreensível: Viu-O
nascer no tempo e acreditou que Ele é eterno; - A prova das aparências
contrárias: Viu-O finalmente maltratado e crucificado e creu que Ele realmente
tinha todo poder. Senhora da fé, viveu intensamente sua adesão aos planos de
Deus com humildade e obediência.
“[Podemos resumir com] Guilherme de Paris: «Maria, desde o
seu nascimento, foi uma estrela, por sua preservação do pecado original que A
tomou incorruptível; pela luz do bom exemplo que Ela espargiu em torno de si e
que se estendeu ao mundo inteiro; por seu desapego das coisas da Terra:
desprezou a glória, porque foi humilde, as riquezas porque foi muito pobre, os
prazeres porque foi santíssima; pelo novo fulgor que Ela confere ao Paraíso, do
qual sua glória é um dos mais belos ornamentos». [...]
Referências
BIGOTTO, G. M. Maria: a mãe de Jesus. São Paulo: Paulinas,
2013.
Estrela da manhã. Disponível em: http://rezairezairezai.blogspot.com.br/2013/05/estrela-da-manha-maria-e-estrela-da.html. Acesso em 08 de julho de 2014.
Maria, estrela da manhã. Disponível em:
http://www.arautos.org/artigo/34444/Maria--Estrela-da-Manha.html. Acesso em 08
de julho de 2014.
Maria, estrela da manhã. Disponível em:
http://mariasegundojoaoscladias.blogspot.com.br/2012/01/maria-estrela-da-manha.html.
Acesso em 08 de julho de 2014.
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