Venerável
carmelita Maria Teresa González-Quevedo, que morreu jovem e era muito bonita,
além de ser prima do Padre Quevedo, que chegou a conviver com ela.
As
matérias são de um site que valoriza a sua formação jesuítica, mas estejamos
atentos no fato de que a moça se torna Irmã Carmelita da Caridade de Vedruna,
uma Congregação Carmelitana. Além disto, sua vida possui diversas semelhanças
com a vida de Santa Teresinha do Menino Jesus.
Quem
quiser saber mais, leia o livro "Teresinha de Maria - Jovem, Moderna,
Sorridente, Santa", do Pe. Artur Bonotti, C.SS.R. - Editora Santuário (de
Aparecida-SP), 1982.
No dia 9 de
junho de 1983 o papa João Paulo II proclamou "Venerável" uma jovem
espanhola de Madri: Maria Teresa González-Quevedo, que viveu só 20 anos, de 12
de abril 1930 até 8 de abril 1950. A Igreja coroara assim, oficialmente, esta
breve existência, mas vivida intensamente, concluída no noviciado das
Carmelitas da Caridade, a congregação onde ele queria viver toda sua vida, na
oração e no apostolado ativo, como também com o desejo claro de trabalhar em
terra de missão.
A vida desta
jovem madrilena está ligada de vários modos à Companhia de Jesus. De fato,
Teresita (como comumente era apelidada) formou sua vida espiritual na
participação ativa à Congregação Mariana, por ela frequentada no Instituto das
Carmelitas da Caridade, onde fez seus estudos.
É conhecido que
as Congregações Marianas têm sua origem na Companhia de Jesus. Os Jesuítas as
difundiram em boa parte do mundo católico, como uma "via" do compromisso
cristão, aberta especialmente aos jovens, que levam ao seu ambiente, família,
lugar de trabalho e atividades apostólicas, os valore de uma espiritualidade
amadurecida graças aos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola,
fundador dos Jesuítas.
Uma
"via", esta da Congregação Mariana, feita de formação teológica com
vários níveis (segundo as várias tipologias dos congregados), de oração
constante e frequente revisão de vida, reforçada pela participação anual aos
Exercícios Espirituais, e tendo como referência característica a Virgem Maria,
contemplada seja em seu escutar viver a Palavra de Deus, seja em seu ardor de
comunicar aos outros esta riqueza recebida.
Outro laço com a
Companhia de Jesus é constituído pelo fato de que a família da Ven. Maria
Teresa conta entre seus parentes, dois jesuítas. Dois irmãos do pai de
Teresita, eram Jesuítas , um deles é o Pe. Antônio González-Quevedo. Deste,
Teresita receberá a Primeira Eucaristia.
O período em que
viveu não foi nada tranquilo, aliás foi o tempo da violenta guerra civil
espanhola, durante a qual se desencadeou uma verdadeira perseguição religiosa,
que causou a morte de 7.000 padres e 13 bispos. Entre esses mártires há também
três irmãos do pai de Teresita.
Os
primeiros anos
Maria-Teresa González-Quevedo,
nasceu em Madri o dia 12 de abril de 1930, após o irmão Luiz e a irmã Carmem. O
pai, Calisto González, era um conhecido médico da capital. A mãe de Teresita
era Maria do Carmo Cadarso, sobrinha do almirante Luís Cadarso y Rei, tombado
na batalha de 1898, a bordo do cruzeiro "Regina Cristina".
Cresceu numa
grande casa no centro de Madri, no coração da elegante capital, a praça do
Oriente, na frente do Palácio Real. A primeira infância foi serena, e sua
escola foi a do Instituto das Carmelitas da Caridade. Uma escolha favorecida
pelo fato que uma tia de Teresita. Ir. Carmem, lecionava no Instituto. A mesma
que anos depois a teria acolhido como Madre Mestra no noviciado.
Maria-Teresa
amava o ambiente da escola, menos o estudo... e se entusiasmava pela partidas
de pelota e por isso sabia escolher com cuidado as companheiras de time. Era
muito procurada pela sua habilidade, era generosa em tantas pequenas coisas da
vida quotidiana, e por causa disso o pessoal não hesitava em recorrer a ela.
Uma madrilena
autêntica, com um extraordinário humorismo. Uma menina como todas as outras,
mas com uma inquietação na alma... que pouco a pouco a teria levado muito
longe, além do quanto ela podia prever, até a doação total ao Senhor. Desta
"inquietação" encontramos o primeiro traço numa anotação quando ela
tinha dez anos, mesmo com falhas gramaticais: "Decidi me tornar
santa".
A
Congregação Mariana
Aos treze anos,
Maria-Teresa já tinha uma fisionomia interior e um caráter bem delineados. Não
é alta, mas bem proporcionada e muito ágil. Loira, com olhos azuis um pouco
amendoados e uma atitude que convida ao sorriso. Quem a conheceu a lembra como
muito elegante e com uma postura distinta inconfundível. Neste período
desenvolveu os fundamentos da vida espiritual, graças aos Exercícios
Espirituais ocorridos em seu Instituto.
Seu caráter ia
se manifestando decidido e corajoso. Aprendeu a dirigir o carro e o pai nos
conta como devia ter cuidado com ela, já que Teresita se lançava na estrada sem
hesitação ou medo. Uma vez se encarregou de furar as orelhas de uma amiga para
lhe colocar os brincos. Logo no começo a "vitima" sentiu-se mal e
desmaiou. Mas Teresita, filha de médico, em lugar de se apavorar, achou que era
o momento próprio para continuar seu trabalho e, aproveitando da inconsciência
de sua amiga, colocou imediatamente os brincos. Uma firmeza assim unida a um
fino equilíbrio, uma calma que lhe conferia um característico domínio nas mais
variadas situações.
No tempo em que
Maria Teresa frequentava o Instituto, foi instituída a Congregação Mariana, que
foi logo apresentada com suas exigências de compromisso. Teresita foi logo
conquistada por este ideal, no qual confluía sua particular devoção à Virgem
Maria.
Os companheiros
de Teresita testemunharam que com sua participação à Congregação Mariana,
começou nela uma verdadeira evolução interior, surpreendente e definitiva. A
sua irmã Carmem lembra: "Ela fez uma mudança verdadeiramente radical e
tangível, que nós todas notamos. Até agora, mesmo sendo uma boa moça, tinha
alguns defeitos muito comuns nas moças de sua idade, das quais se diferenciava
por poucas coisas. Mas neste período de sua vida – no qual, segundo meu parecer
começou a ser pouco comum – fez uma verdadeira mudança".
Mas esta sua
"mudança radical" não diminuiu seu entusiasmo e sua alegria
"contagiosa", que foi como a nota constante em sua vida.
A cada
congregada era entregue uma medalha. Segundo o costume. Maria Teresa devia
fazer gravar uma frase e ela escolheu uma que expressasse seu programa de vida:
"Minha mãe, que quem me olha veja
você".
Uma
oração carregada de consequências...
Durante a
celebração Mariana do mês de maio, eis que Teresita formula uma oração
especial, expressando algo que sente dentro muito profundamente, mesmo se ainda
não totalmente claro: "Minha Mãe,
dá-me a vocação religiosa”! Como veremos mais em frente, era de fato a
resposta ao chamado do Senhor para uma total consagração. Maria Teresa
sentiu-se quase turbada, compreendendo o porte de sua oração. "Quando sai – confiou pois a uma amiga – pensando bem, tive medo: E se nossa Senhora
me desse verdadeiramente a vocação"?
Este desejo de
doação total ao Senhor apareceu espontâneo num episódio na tarde de um domingo,
quando Teresita conversava com uma colega. A amiga lhe confia: "Eu
viajarei, vou me divertir durante a juventude, e quando serei mais velha
entrarei no convento para me garantir o Céu". A resposta de Teresita foi
imediata e reveladora: "Como você é
mesquinha e egoísta!... E você acha que Jesus vai te aceitar cheia de achaques,
depois que deu sua parte melhor ao mundo? Jesus tem gostos melhores, e ele quer
de presente a juventude, com suas alegrias e seus sonhos”!
Rumo à escolha decisiva
É o ano de 1947.
Teresita tem 17 anos. No verão a família vai para Fuenterrabía, ao norte da
Espanha, para tirar férias na praia, não muito longe da divisa francesa. Ali
Teresita está magnificamente: gostava pescar lulas com os pescadores, jogar
tênis e participar das típicas danças bascas na praça da aldeia. Mas não
esquecia o compromisso em prol dos outros.
Participava
ativamente às vendas de beneficência em favor das missões, andando pelas lojas
artesanais para procurar o necessário.
É claro que
cativava a atenção dos rapazes, tomados pela sua beldade, pela elegância do
vestir e pela espontânea alegria de sua postura. Riam, brincavam, cantavam
junto com ela, porém muitos entre eles dirão depois que a respeito dela sentiam
não poder ir além de uma sadia amizade, pois viam em Teresita algo de indefinível, que convidava a um grande
respeito; pressentiam talvez que seu horizonte ia além daquilo que uma moça
daquela idade pudesse sonhar e querer...
Sabemos de um
rapaz que se enamorou dela, Luís José González-Gillén, hoje engenheiro da
aeronáutica; no dia de vestir o habito religioso, lhe enviou um lindo buquê de
flores brancas. Assim falou a mãe de Teresita em 1983, ano em que a filha foi
declarada Venerável: “Era um bom rapaz, de ótima família, mui lindo,
verdadeiramente suas qualidades não podiam ser melhor, mas Teresita tinha aspirações
mais altas e efetivamente não tinha dúvidas”.
De fato Maria Teresa
tinha clara a decisão de fazer o "grande passo", pedir para ingressar
no Noviciado das Carmelitas da Caridade. Mas era uma decisão que ninguém ainda
conhecia e, que, aliás, teria surpreendido muitas pessoas.
Acabado o verão,
recomeçou o ano escolar. No fim de outubro, algo de extraordinário: a
participação a um encontro da "Juventude Missionária" que as
Carmelitas organizaram em Tarragona. Cerca de 400 jovens de toda a Espanha
vieram para esta cidade e o grupo de Madri era guiado pela própria Maria Teresa.
Uma participação, como sempre, ativa e entusiasta.
O tema do
encontro em Tarragona era sobre as missões na China. Teresita – já sensível a
estes assuntos – é mais uma vez conquistada pelo ideal missionário, até que
podemos dizer que foi esta uma das motivações principais para entrar na vida
religiosa, isto é, o sonho de querer participar pessoalmente ao trabalho
missionário. Enquanto isso já tinha uma "adoção a distancia" de um
menino das missões, enviando ofertas para sua formação.
Durante o
Noviciado manifestou explicitamente este desejo: “Tenho uma evidente vocação missionária: minha vocação é claríssima”.
Mas, como aconteceu com santa Teresa de Lisieux – que desejava deixar a França
para viver no Carmelo do Vietnam – a doença lhe proibiu de realizar este sonho,
ao menos nesta terra...
A notícia
Aos 21 de
novembro de 1947 decidiu comunicar sua opção para a tia, irmã Carmem, que mora
em Carabanchel, onde está o noviciado. A tia compreende a seriedade da decisão
da sobrinha, mas procura faze-la refletir:
"Você é
ainda muito nova! Diz para ela – deveria esperar até os vinte anos, como tia
Irene, como eu..." “Tia, receio que
você não entendeu – retruca Teresita – Eu
decidi mesmo. Faz tempo que penso nisso. Também o padre Múzquiz aprova. Mas não
falar nada em casa, porque quero ser a primeira em comunicar isso ao pai”...
Já que Teresita
era muito devota à Virgem Maria, o padre Músquiz lhe sugere comunicar suas
decisão à família na festa da Imaculada, 08 de dezembro. Mas também, para isso
Teresita tem um projeto bem certinho: revelando uma finíssima delicadeza quer
comunicar a notícia só após a festa da Epifania, de modo que o período natalino
passe serenamente.
Aos 20 de
dezembro as alunas se reúnem na capela para rezar juntas antes da despedida
para as férias de Natal. E aqui Adelaide Muñoz – uma sua colega – nota em
Teresita algumas lágrimas silenciosas...
Evidentemente, Teresita
adverte o peso da separação que a espera, separação da família, dos amigos, dos
colegas de escola... mas, é só um momento, e com grande força logo retoma sua
alegria costumeira...
Alguns dias
depois, nas vésperas do Natal, escreve uma das suas cartinhas "de
amenidades" falando para a amiga Marisa do novo carro que o pai comprou:
"É muito lindo, verde claro, com ar quente e frio; só faltou o rádio"...
Depois conta que participou de uma
festa: "Ontem, Maruja Parrella, você sabe quem é, fez a festa dos 18 anos:
deram-me a permissão de participar, mesmo que acabou às duas e meia de
madrugada... Diverti-me muito e tínhamos roupas cumpridas: uma saia de veludo
preto até aos pés... A coisa mais interessante é que usei tamancos..." Mas
no fim da carta assim escreve: “Se quiseres, peço-te o favor de rezar segundo minha
intenção, ti serei muito agradecida”. A amiga ainda não sabe o que está na
mente de Teresita, e ainda menos poderia ter adivinhado pelo tom da carta...
Acabado o tempo
de Natal, eis aos 07 de janeiro de 1948. Teresita, como tinha decidido,
comunica ao pai a "grande notícia"... O pai compreende... conhece a
filha, sabe que se ela decidiu é porque ela está ciente daquilo que faz; mesmo assim
procura fazê-la refletir:
"Mas
Teresuca, se dá conta daquilo que acaba de dizer? Você que é tão viva e alegre,
que se diverte muito nas festas..."
“Nada disso me satisfaz, pai”!
"Você sabe
que, se for religiosa, terá uma vida cheia de sacrifícios”?
“Sim, sei. Mas é isso que estou procurando”.
E comunica ao
pai a data de entrado no Noviciado, 23 de fevereiro. O pai um pouco
surpreendido lhe pergunta o porquê desta data e não outra. Teresita responde
muito simples, abrindo os dedos de suas mãos... “Olha, pai: dois mais três faz cinco... Maria”!
Entrada no
Noviciado e... Neve!...
Naturalmente a
notícia se alastrou logo entre parentes, amigos, colegas de escola e para todos
foi uma grande surpresa... Como é óbvio, os pareceres foram os mais variados:
que acha se trate de exaltação de uma adolescente; ouros comentam que é uma
pena, uma moça tão bonita, elegante e inteligente como Maria Teresa, vai se
fechar num convento, renunciando a um futuro que para ela teria sido sem dúvida
muito prometedor!... Outros superam a surpresa e começam a lembrar, refletir e
dizem que será sem dúvida uma ótima religiosa.
O 23 de fevereiro
se aproxima... Outra paixão de Teresita era a neve, que nunca falta em Madri
durante o inverno. E para "batalhar com bolas de neve" a grande praça
d’Oriente era o ideal! Como assim o quintal da escola, onde eludindo os vigias,
Teresita se deitava sobre o manto branco da neve, com alegres risadas!
Ao aproximar-se
o dia famoso, a amiga Consuelo a chama pelo telefone:
"Estás
contente?"
"Contentíssima!
Será um dia feliz para mim. E se Nossa Senhora me concedesse um pequeno
desejo..."
"Qual?
Fala-me!"
“Que o dia 23...
caia a neve. Gostaria que aquele dia, tudo, tido fosse branco”.
Um deseja que
relembra outro igual, expressado muitos anos antes na França por Teresa de
Lisieux, pelo dia de sua profissão... E como Teresa, também Maria-Teresa
González-Quevedo será atendida...
Na véspera da
partida, aos 22, veio saudá-la a amiga Amparo... Esta admira o elegantíssimo
vestido de Teresita... Parece surpreendida por tanta elegância. Teresita
entende e sorri: "Você sabe, Amparìn, eu gosto vestir bem e todas estas
coisas me dão prazer, mas quando entrar no Noviciado tudo isso acabará. Quero
ser santa, não quero mediocridade".
Mais tarde a
Consuelo a chama novamente ao telefone:
"Tere, te
chamo outra vez para de dizer adeus!"
"Adiós, Consola! Mas olha que noite linda? Não
terá nada daquilo..."
Então nada de
neve? Mas como com Teresa de Lisieux, também aqui acontece o imprevisível.
Durante a noite uma nevada cobre de branco a grande cidade de Madri... e na
manhã do dia 23 de fevereiro, Teresita, feliz, agradece ao Senhor por esta sua
"delicadeza" a seu respeito...
Coincidência?
Mas é o seu dia, e tudo é branco de neve, come ela tinha desejado...
Teresita tem
mais uma estratégia para poupar a mãe da dor da despedida... Com um
"meditado" atraso quando a mãe ainda a esperava para ir na missa,
convenceu o pai e o irmão Luís para levá-la correndo ao Noviciado
Carabanchel!...
Aqui, no
Noviciado é acolhida pela Superiora, Irmã Maria Teresa Rodríguez, que sem saber
do desejo da noviça aspirante, comenta: "Quem sabe se Teresita pediu ao
Senhor a neve, como Santa Teresita do Menino Jesus?"... Teresita respondeu
só: "Eu gosto muito da neve”...
Teresa com hábito de noviça |
Teresita, noviça em Carabanchel
No noviciado de
Carabanchel, Teresita encontrou o que mais profundamente desejava: o que mais
apreciava era o estilo de vida pobre das carmelitas, em contraposição aos luxos
e à riqueza que sempre tinha em família. Aqui aprofundou seu amor para a Virgem
Maria, e o resultado foi uma grande confiança: “Dela consigo tudo, sento-a ao alcance da mão. Se nossas mães nos amam
tanto, quanto nos amará a Santa Virgem? O que ela nos recusará? Estou certa que
serei santa, porque o peço à Virgem e Ela pode tudo”. E continuava: “Tenho muita devoção para com São José. O
que diriam Jesus e Maria, se não amasse este grande Santo”?
Logo começaram
as visitas das colegas do colégio, que tanto sentiam sua falta. Era curioso
vê-la no salão rodeada pelas moças que a escutavam silenciosas e que voltavam
se queixando da brevidade da visita!
Uma delas lhe
conta das últimas férias: "Escuta, Tere, não lembras Fuenterrabía?" "Lembro sim – responde Teresita – pois não perdi a memória, mas te garanto que
não sinto falta, porque aqui me sinto muito bem! Acho que se no mundo soubessem
o que é o Noviciado, teríamos a fila de pessoas que gostariam ingressar”!
Na hora de
receber a veste de postulante, Ir. Carmem não pode não contemplar a beleza de
seus cabelos, que serão escondidos pelo véu... Admira os cachos dobrados com
cuidado e comenta: "Oh quanta
vaidade, quanta vaidade!..." Teresita retruca: "Sim, madre, muita,
mas agora acabou tudo”!
O último mês
de maio
Maio de 1949 o
último na vida de Teresita. No começo do mês Teresita diz: "Outras vezes vi claramente o que a Virgem pede de mim, mas agora
não vi nada..." No entardecer, alguém nota que Ir. Maria-Teresa está
com febre: "Não está bem? – lhe pergunta a tia, que é também Mestra. "Que nada!... sinto-me sim
preguiçosa". Mas o termômetro explicou o motivo daquela preguiça...
"Por enquanto [a Virgem] me pede isso: mas ficarei atenta pra saber o que ela me pedirá quando
eu levantar".
- "O que
lhe pede, Ir. Maria-Teresa, a Mãe do Céu?"
- "A senhora não vê?... Suportar com paciência
tudo aquilo que me envia; não sei quanto durará... seja feita a vontade de
Deus. Estou nas mães de minha Mãezinha. Ela sabe o que me convém”.
Outro dia, Ir.
Anita Prieto lhe pede:
- "No
quarto, Ir. Maria-Teresa?"
- "Achava agradar a Virgem, e isto era o
que Ela queria. Estou muito contente”!
Durante o
noviciado leu a História de uma alma de
Santa Teresa de Lisieux e escreveu no seu diário: "Da pequena via de Santa Teresa gostei muito, mas, para mi, acho que esta via deve passar pela Santa
Virgem".
Santa Teresa de
Lisieux prometeu de "passar seu Céu fazendo o bem na terra":
Maria-Teresa dizia para a Madre Provincial: "Madre,
aqui não lhe seria muito útil, mas do Céu verá quanto trabalharei”! A às
colegas noviças: "No Céu... serei
muito ocupada, apresentando [à Virgem Maria] todas as homenagens que lhe são oferecidas”!
Um dia veio
visitá-la sua mãe, e lhe perguntou: "Então, como vai a santidade?" E
ela: "Vai, vai pra frente"...Sei
lá – continuou a mãe brincando – mas parece-me que lhe está custando caro se
tornar santa".
Teresita
responde com decisão: "Pois é, mãe,
também ao Luiz lhe custa caro se tornar engenheiro agrônomo, e não acho que a
senhora coloque as duas coisa no mesmo nível”...
Teresita sofria
uma pleurite aguda, que a manteve de cama todo o mês de maio... mesmo assim não parava de difundir otimismo,
amabilidade e alegria: "A que
risadas, irmã!... Meu pai se foi muito preocupado porque tenho muita
‘velocidade’ [de sedimentação do sangue] Imagine, eu mesmo, sempre calma, lenta... e agora... minha velocidade o
preocupa!"
Uma melhora –
mais ilusória do que real - permitiu-lhe voltar logo à vida normal, mas a
doença continuava seu curso...
Lemos em seu
diário, "Durante a Comunhão desejava
ardentemente me doar toda a Jesus para lhe demonstrar quanto queria amá-lo, que
me oferecia como vítima para que fizesse de mim o que ele queria". E
Deus... costuma ter um bom ouvido para escutar este tipo de orações!
Outras reflexões deste período:
Festa de santo
Estanislau Kostka, jesuíta. Um grupinho de noviças está comentando a figura do
santo. "Que alma privilegiada aquela
de santo Estanislau! – diz Teresita – morrer
no noviciado... amando tanto a Virgem Maria... em seus braços... mas a coisa
melhor é fazer a vontade de Deus, em tudo aquilo que Ele pede”.
Falava com uma
noviça durante as férias de Natal, e sem sombra de dúvida lhe disse: "Certamente neste Ano Santo [1950] irei pro Céu, porque a Virgem me tomará no
seu dia... terá tanta festa no Céu pelo dogma da Assunção... estou certa que
estarei lá”.
Para ser santos,
o primeiro passo é a confiança, depois o abandono nas mãos da Virgem, para que
Deus faça o que Ele quer".
“Não entendo as pessoas indiferentes a Nossa Senhora
e que não vivem dela, porque se complicam muito a vida”.
"Ganhei
o primeiro prêmio!"
18 de janeiro,
Teresita adverte uma forte dor de cabeça. A Madre Mestra, inicialmente
otimista, achou bom chamar logo o pai, que era médico, mas sem temer nada de
grave.
O doutor
Quevedo, ao contrário, logo percebeu da gravidade do caso. A diagnose não
deixava esperança: meningite tubercular. Por isso disse às irmãs: "Decidam
vocês... Minha filha morrerá, tanto em casa como aqui... e pensaria de não
aplicar curas, porque no fim deverá morrer mesmo, depois de sofrer muito".
E o pai mesmo
quis avisar a filha: "Teresuca, minha filha, você está nada bem, e mesmo
procurando te ajudar a sarar, será bom que você se prepare..." Teresita
logo entendeu e respondeu prontamente: "Sim,
pai, o mais cedo”.
E com maravilha de quantos a assistiam e visitavam, a notícia de sua próxima morte fez explodir
em Teresita uma alegria enorme: "Venha,
Ir. Jacinta, que já estou mais contente... mas como estou contente" ! "Mas
não tens medo de morrer?" “Como
posso ter medo se tenho uma Mãe no Céu que virá ao meu encontro”?
"Mas se
você ainda não ganhou o Céu – insinuava a Madre Mestra – como poderás possui-lo
tão cedo?"
"Claro que não o ganhei! Mas vão mo dar de
presente; Tu sabes o fato do bom ladrão. Se Jesus e Maria, que nunca separo,
quiserem mo dar, são muito livres de fazê-lo."
Era tão
impressionante o espírito sobrenatural e a
alegria de Teresita diante da morte, que quando recebeu a Unção dos
Enfermos, o pai, mesmo destruído pela dor diante da impotência da ciência
humana em salvar sua filha, disse: "De fato, seria uma infâmia, atrasar
sua partida..."
"Ganhei o primeiro prêmio!" – dizia alegre
Teresita a sua colegas. E àquelas que aprendiam os cantos litúrgicos: "Como vai a Missa de Réquiem? Acho que
serei a primeira a inaugurá-la..."
Pra quem a
convidava a rezar a oração Mariana do "Memorare", respondia: "Sim... mas não para que passe a
dor?" "Bom, será para que a Virgem lhe conceda o que quer e que a
ajude a sofrer." "Isto
sim..."
Mas a doença
continuava e as dores eram lancinantes.
Nessas crises terríveis, sua súplica era sempre a mesma: "Senhor, Senhor, não aguento mais... parece que fico louca... Sou
vesga? Minha Mãezinha, não aguento mais!"
E chegou a
alvorada da Quinta Feira Santa. Estamos no ano 1950, o Ano Santo proclamado por
Pio XII. Quando todos se alegravam por uma relativa melhora, após dois longos meses de intenso
sofrimento, de repente Teresita lança um grito agudíssimo, lhe vem um
tremor generalizado, uma total perda de sentidos... Mesmo neste estado as suas
costumeiras orações marianas lhe vinham espontâneas nos lábios...
Sabia que ficar
na vontade de Deus era o que mais desejava; com exceção das respostas que devia
às Superioras e aos médicos, quando perguntada sobre seu estado de saúde,
habitualmente respondia assim: "Bem,
bem... estou muito bem, porque estou como Deus quer!..."
Participou com
fervor e perfeito entendimento às rezas ao seu redor pala salvação de sua alma,
e se apagando, continuava repetindo: "Jesus
te amo por aqueles que não te amam!... Minha Mãe!... mil vezes morrer do que te
ofender!..."
A noite da
Quinta Feira Santa, foi cruel para ela: depois de um ataque da doença, seu
pescoço ficou rígido e não podia se mexer, a não ser com dores terríveis... "Senhor... eis... aquela que vos ama...
e deseja ardentemente... vos receber... Senhor". E logo após: "Sou vossa... por Vós vim ao mundo... O
que queres, ó Senhor, de mim?... Tudo posso... naquele... que me
conforta..."
E quando todos
pensavam não ouvir mais sua voz, exclamou com força, entre a maravilha geral,
tanto que a escutaram no quarto do lado, com os braços levantados pro alto:
"Minha Mãe, vem me receber... e
leva-me contigo no Céu!" Depois, mais calma: "Por aqueles... que
não te amam..."
Uma irmã lhe
sugere de pedir a graça da cura, mas Teresita replica com clareza: "Minha Mãe! O que você quer!"
Depois levantou pela última vez as mãos e sorrindo disse: "Como é bonito”!... A que se referia? Suas mãos se baixaram, e
repetia silenciosamente as jaculatórias que lhe sugeriam... Espirou após alguns
minutos.
A serenidade do santo corpo de Teresa Quevedo em seus funerais... |
Era o dia 08 de
abril de 1950. Faltavam poucos dias para completar seus vinte anos de idade...
Desde que os
Anjos vão recolhendo através dos séculos o respiro de seus irmãos da terra que morrem
poucas vezes se cumpriu em modo tão verdadeiro o ditado que diz: “A morte é o
eco da vida”...
Obrigada por postar sobre Teresita!! Por causa do livro dela "Teresinha de Maria!" descobri minha vocação como Irmã de Maria de Schoenstatt, há 31 anos atrás. Muito obrigada mesmo, fiquei feliz em descobri-la nesta página. Que ela rogue por mim e por todos que leem sua biografia! Que ela esteja junto de Maria, sua Mãe amada e em breve se torne uma santa nos altares de nossa Mãe Igreja.
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